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Hoje é (outro) Dia do Vinho do Porto

O Dia do Vinho do Porto celebra-se, pela generalidade dos agentes envolvidos na sua produção e promoção, a 10 de Setembro, o mesmo dia em que nos idos de 1756 o Marquês de Pombal criou a mais antiga região vinícola demarcada do mundo, o Douro. É essa também a efeméride que o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto reconhece. Mas em 2012, e a propósito de uma acção de promoção do nosso generoso nos EUA (a julgar pelo que aconteceu depois, bem sucedida), um grupo chamado Wine Origins Alliance entendeu que instituir outro Port Day: 27 de Janeiro. E a ideia pegou, até por cá. Passamos a ter dois dias, um oficial outro oficioso. E se quiser criar outro, por mim,..

Harmonize-se, então, umas vieiras caramelizadas e gamba glaciada com um Porto tónico, depois, um vitelão com escalope de foie gras, mas no copo, um bom Late Bottled Vintage, porque o Tawny 10 anos acompanhará um magnifico bolo de chocolate. SAÚDE!

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O Douro quer finalmente entrar no século XXI

“O que mudou, afinal, para que as empresas estejam prontas para mudar? Para começar, um ano mau para o vinho do Porto como o de 2021. Para continuar, a convicção de que o modelo de administração e regulação privilegia o vinho do Porto e continua a tratar a nova estrela da região, os tintos e brancos do Douro, como uma espécie de subproduto. Finalmente, uma constatação que é real há anos em alguns empresários de Gaia e em muitos produtores do Douro e que se relaciona com o presente e o futuro da região: os preços das uvas na região são insustentáveis. O Douro, a mais rica região agrária do país, continua pobre; mais de 35% dos agricultores têm mais de 65 anos. O Douro está condenado pela inércia dos seus agentes.

A tomada de posição da AEVDP é, neste contexto, histórica. Os seus membros continuam divididos sobre as soluções em concreto, mas estão ao menos, e finalmente, de acordo sobre a necessidade de mudar. A sua proposta consiste na criação de um grupo de trabalho que proponha soluções com base na ciência e na realidade da região. Um modelo que estabeleça produtividades máximas à escala da freguesia. Uma receita que actualize, ou reforme radicalmente, o método genial do agrónomo Álvaro Moreira da Fonseca, que em meados do século passado criou e instituiu um método de pontuação que determinava o potencial de cada vinha para a produção de vinhos de qualidade.

O que está em cima da mesa não basta, é apenas um princípio. Uma forma de evitar o conflito entre as empresas (a Fladgate Partnership abandonou a AEVP em protesto contra a sua inércia), de lançar pontes para o futuro e de, ao menos, discutir e ambicionar novos desafios. O elenco directivo da associação reúne hoje gente com um capital único de credibilidade e de conhecimento sobre a região. E, no Douro, há cada vez mais conhecimento e poder para entrar neste jogo em favor das mudanças. Só assim será possível derrubar a última e mais poderosa barreira para a mudança: a do Estado.

Nada está certo, tudo permanece em aberto. O Douro e o vinho do Porto, responsáveis por 69% das exportações nacionais de vinhos com denominação de origem, são um daqueles absurdos exemplos de má gestão, displicência e negligência, no uso de recursos nacionais. Até agora, as empresas estavam entre os maiores culpados pelo problema. Felizmente, decidiram mudar. Haja um ministro, um primeiro-ministro, um governo que perceba o que está em causa e aceite o desafio. O Douro continua a ser uma pérola da nossa cultura e da nossa economia e não pode continuar como até aqui: baça e esquecida no fundo de uma gaveta esconsa.”

Manuel Carvalho, Público
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Ilha do Pico Espumante

Feito em 2016, o espumante CVIP Projectos foi o primeiro exercício de Bernardo Cabral no Pico. Perante a escassez das uvas de Terrantez, optou por trabalhar com a casta Arinto dos Açores, que apesar de ser diferente da casta Arinto do continente, é, também, bastante rica em ácidos e temos aqui uma bela surpresa. Pastelaria no aroma, maresia no nariz e um excelente ataque. Polivalente, mas infelizmente não muito acessivo (no preço), porém, uma muito interessante proposta, este primeiro espumante dos Açores com Denominação de Origem. 

Produtor Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico 
Castas Arinto dos Açores
Região Açores
Grau alcoólico 12 por cento
Preço (euros) 60

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Champagne ou Espumante? Como o devo abrir, escolher e beber?

1.

O espumante datado não é necessariamente melhor que o não datado porque as empresas fazem lote de espumantes de vários anos e, por isso, não têm data.

2.

Não há uma regra certa para beber champagne, mas pode apontar-se para um máximo de cinco anos,

3.

A indicação da data do dégorgement (contrarrótulo) é importante, indica-nos o momento em foi colocada a rolha de cortiça. A data da colheita é irrelevante e até pode confundir.

4.

Blanc de Blancs significa que o vinho foi feito exclusivamente a partir de uvas brancas; Blanc de Noirs, que as uvas eram tintas, mas foram vinificadas como se de brancas se tratasse, ou seja, sem contacto com as películas (p.e. o espumante Baga Bairrada é um Blanc de Noirs).

5.

O rótulo do espumante não tem de indicar a cor, se é branco, rosé ou tinto.

6.

A designação Bruto não é um indicador de qualidade, é um indicador do teor de doçura do vinho, por litro. Se for Bruto, o espumante pode ter até 12 gramas de açúcar, embora normalmente tenha bem menos. Se a indicação for Extra Bruto, terá menos de 6 g/litro; se for Bruto Natural (ou Brut Nature), poderá ter de zero a três gramas por litro. (É, no entanto, verdade que as empresas guardam os melhores lotes para fazer os vinhos da variedade Bruto.)

7.

Truque segura de abrir uma garrafa: ao desapertar o arame que envolve a rolha, não o descarte. Deixe-o na posição em que está porque assim poderá rodar melhor a rolha e tirá-la sem esforço.

8.

Melhor preparação: Coloque no congelador ou num balde com água, blocos de gelo e bastante sal (o que derreterá o gelo mais rapidamente). Um balde só com gelo e sem água é inútil, porque demorado.

9.

Qual o copo mais indicado para servir o espumante tem sofrido alterações com o tempo e com as modas. Atualmente, a escolha incide sobretudo em copos que se aproximam do formato dos que usamos para os vinhos brancos, mais largos e que permitem melhor perceção dos aromas.

10.

Há zonas do país com melhores condições, as zonas mais frias ou de maior altitude. Tendem a gerar uvas de acidez mais elevada.

11. Nós temos Espumantes, os franceses Champanhe. Não se acanhe em preferir os nosso que só perdem nas gamas muito altas.Temos espumantes melhores que o champanhe

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O que é que aconteceu com o Barca Velha 2011?

O lançamento do Barca Velha 2011 foi adiado para 2021 devido a um problema na extracção das rolhas, segundo anunciou a própria empresa, a Sogrape. O mais renomado e caro vinho português (cada garrafa custa mais, pelo menos, 400 euros) e que passa, no mínimo, sete anos em cave antes de começar a ser comercializado teve um grande incidente. Claro que a empresa podia ter inventado uma desculpa, mas optou pela transparência. Uma infeliz notícia que destaca a honestidade e transparência do comunicado. Nem tudo é mau.

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E com a pandemia chegou o… online

vinhos

Com as pessoas confinadas e sem emprego e dinheiro, os restaurantes e os hotéis fechados, o setor do vinho reinventa-se e vira-se para o online: há novas lojas, provas por videoconferência, visitas e lançamentos virtuais.

A indústria do vinho era (já se poderá falar no particípio passado) das que historicamente estavam mais atrasada do ponto de vista do digital, mas os produtores e entusiastas reagiram de uma forma muito rápida.

A centenária Symington é um bom exemplo disso. No próximo dia 14 de maio vai lançar, via videoconferência, os novos Vintage 2018. Já mais de 200 pessoas estão registadas para comparecer na prova – qualquer pessoa pode fazê-lo desde que se inscreva.

Também Luís Lopes, diretor da Grandes Escolhas, lançou o “Vinho da Casa”. Vídeos de três minutos que faz – tudo num único take –, nos quais apresenta um vinho, conta a sua história e descreve-o.

Além dos lives no Instagram, há já alguns podcasts. Por exemplo, o produtor Cristiano Van Zeller é o anfitrião de uma primeira série do podcast “Ligados pelo Vinho”. O primeiro podcast contou com Dirk Niepoort.

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Época de promoções

vinhos

Estamos em época de “saldos” de vinho. E como ninguém precisa de conselhos para escolher vinhos caros, fica a sugestão para os baratos :

 

BOAS PROPOSTAS DE BRANCO NO MERCADO:

VINHA D’ERVIDEIRA Colheita Selecionada 2018 DO 7€
HERDADE DO ROCIM 2018 IG 7€
HERDADE SÃO MIGUEL Colheita Selecionada 2018 5€
INTENSUS 2018 IG 3,59 – 8€
FITA PRETA 2018 IG 7€
VIDIGUEIRA Antão-Vaz Premium 2018 DO 4€
LÓIOS 2018 3,5€

 

BOAS PROPOSTAS DE TINTO NO MERCADO:

QUINTA DA INVEJOSA 2017 TINTO 4€
SIDÓNIO DE SOUSA RESERVA 2015 TINTO 5€
ADEGA DE PEGÕES 2018 TINTO 1,5€
FAZENDAS PERDIDAS 2018 TINTO 1,5€
FAZENDAS PERDIDAS 2018 TINTO 1,5€

 

A diminuição de utilização de conservantes, mas há mais elementos a que deve prestar atenção no momento da compra, lembro:

ÁLCOOL – a quantidade de etanol em mililitros (álcool etílico) por 100 mililitros de vinho: 11% de volume para os vinhos com indicação geográfica e 11,5% para os denominação de origem.

AÇÚCAR – um vinho seco apresenta até 4 gramas de açúcares por litro (ou 9 gramas, se a acidez total não for inferior, em mais de 2 gramas por litro, ao teor de açúcares).

ACIDEZ, desempenha um papel importante, não só no aroma e sabor dos vinhos, como também na conservação. A acidez total deve ser equilibrada, sendo uma acidez volátil elevada sinal de má conservação.

SULFITOS, o dióxido de enxofre e/ou os sulfitos são importantes para a conservação do vinho, ajudando a manter a cor, o frutado e a frescura, mas em excesso, adquirem um aroma picante e um final de boca desagradáveis. Se algum vez se queixou de dores de cabeça depois de beber vinho…

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A vindima, já se sabe, é como o melão

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Já se ouvem clamores e as rezas para que a chuva que se anuncia não seja de molde a estragar o trabalho de todo o ano. Mas se algo correr mal, já se sabe, temos sempre à utilização vinho sem denominação de origem, mais conhecido por vinho a granel. O negócio é muito importante — quase 2 milhões de hectolitros importados em 2018 — e o granel tanto pode ser adquirido aqui como fora, com em Espanha. As uvas apresentam  bom aspeto e sugerem boa quantidade mas, já que não estamos a pedir chuva, muitos apontam, em virtude do ano seco, um fraco desenvolvimento. Mas também, já ouvi que, afinal, as uvas estão a mostrar-se bem e com boa quantidade/qualidade. Enfim, a vindima é como o melão, temos de abrir para saber se é bom/boa.

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Vila Santa Reserva Tinto 2013

 

A história mais popular da Rainha Santa Isabel que este vinho homenageia é a do milagre das rosas. Segundo a lenda (e não, este vinho não tem aroma a rosas), a rainha saiu do Castelo do Sabugal numa manhã de Inverno para distribuir pães aos mais desfavorecidos. Surpreendida pelo soberano, que lhe inquiriu onde ia e o que levava no regaço, a rainha teria exclamado: “São rosas, Senhor!”. Desconfiado, D. Dinis inquirido: “Rosas, em Janeiro?.” A Raínha expôs então o conteúdo do regaço do seu vestido e nele havia rosas, ao invés dos pães que ocultara.

O sec. XXI, não sendo tão dado a milagres como o séc. XIV da Santa, estará mais fadado para bons casamentos, no caso, entre os frutos pretos maduros e especiarias. Carnudo, enche bem a boca do povo e tem nota de realeza quem lhe notar os taninos macios e souber que parte da colheita é pisada em lagares de mármore. Apimentado e com final persistente é a rusticidade do Alicante Bouchet que lhe dá o porte singular que vão notar. Consensual, enfim.

Região: Regional Alentejo
Castas: Aragonez, Touriga Nacional, Syrah, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet
Produtor: João Portugal Ramos – Vinhos, SA
Preço: 10€
Álcool: 14%
Enólogo: João Portugal Ramos