História do Vinho

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A sua origem é, ainda hoje, controversa, mas pensa-se que tenha sido na Ásia Central, entre a Arménia e a Pérsia, de onde se propagou para o Oriente Médio e Ásia Menor, o vinho.

Decorria o ano de 2000 a.C., quando pelas mãos do povo mais antigo da Península Ibérica, os Tartessos, nasceriam os primeiros pés de videira na zona de Vale do Tejo e Sado.

No século VII a.C., os gregos instalaram-se na Península Ibérica e com eles, o incremento da viticultura e consequente aumento da produção de vinho.

No século seguinte, VI a.C., os Celtas também viriam a desempenhar um papel relevante na história. Trouxeram novas variedades de videira e obras de tanoaria que utilizavam para produzir e guardar o vinho.

No século I a.C., os romanos conquistam a Península, revelam-se grandes impulsionadores da viticultura. Os seus êxitos militares permitiram-lhes abrir caminhos e o comércio que anteriormente pertencera aos Gregos passa agora para sua tutela. Resultado de todas as suas conquistas, realizaram numerosos empreendimentos comerciais que consolidaram com duas das jóias da agricultura mediterrânea – o vinho e o azeite, alargando as suas zonas de cultivo a todo o Império Romano. Aperfeiçoaram técnicas de produção, chegando mesmo a seleccionar as variedades que melhor se adaptavam ao terreno, fazendo observações sobre o clima e o solo. Dois anos após a conquista, a cultura da vinha e a produção de vinho triunfava no Império. Foi por esta data que Columela, conceituado pela sua respeitada sabedoria, ditou uma série de normas técnicas que serviriam para o aperfeiçoamento da viticultura, entre as quais a expressão, “Apertus bacchus amat colles”, que quer dizer, “na zona de colina obtém-se menor produção mas, de melhor qualidade”. Quanto à preparação do terreno, Columela defendia a libertação do solo de culturas antigas, drenagens adequadas e caso necessário a construção de canais de escoamento da água em excesso. Nessa mesma época, Plínio associava as doenças da videira às condições climáticas. Ocupando grande parte da sua vida ao estudo do vinho, é hoje tido como o 1º Escanção de todos os tempos. Desenvolveu estudos sobre diversos vinhos de diferentes regiões, tendo classificado cerca de 195 vinhos, citando os 80 que ele considerava serem de melhor qualidade que os restantes, sendo referenciados os vinhos italianos, como de grande qualidade. A via Augusta Romana, foi um dos maiores centros de comércio internacional romano, para onde se dirigiam os vinhos produzidos nas mais diversas regiões vitícolas como, vale de Ródano, Ebro, Douro e Guadalquivir.

Com as invasões bárbaras e a queda do Império Romano, no ano de 585 d.C., a viticultura ficou confinada aos mosteiros e abadias.

Com o nascimento do cristianismo e resultante da fusão cultural entre Suevos e Visigodos, o vinho passa a ser indispensável companhia em todas as celebrações religiosas, sendo apelidado de “o sangue de Cristo”.

É em França, mais propriamente na abadia de Hautvillers que, Dom Perignón, pertencente à Ordem Beneditina, descobriria acidentalmente, o Champanhe, isto no século XVII d.C..

Nos séculos VIII e XII, correspondentes à Alta Idade Média e às invasões Árabes, a chamada vitivinicultura Ibérica sofre uma regressão. No entanto e, apesar de o Corão proibir o consumo de bebidas alcoólicas, o governante da Lusitânia, permitia aos cristãos o consumo de vinho, em contrapartida, exigia que o povo se dedicasse à agricultura para deles tirar proveito. Até mesmo o Algarve, que sofreu forte influência deste povo, nunca deixou de ter as suas plantações de vinha e continuou sempre com a produção e consumo de vinho.

Os séculos XI e XII, consequência do domínio dos Almoadas que se cumpriam a rigor os preceitos do Corão, foi o período da regressão da vitivinicultura, sem no entanto, nunca deixar de existir e de ter um importante papel a nível social e económico. Mesmo durante este período, o vinho continuou a ser o principal produto exportado, fazendo da vitivinicultura, uma das actividades mais importantes de todo o território português.

Com a reconquista cristã, fruto de lutas e guerras constantes, verifica-se a destruição de grande parte das terras cultivadas, inclusivamente das vinhas. Mas no ano de 1249, com a conquista de todo o território português aos Mouros (Portugal foi fundado em 1143), e a instalação de Ordens religiosas, militares e monásticas, Portugal vê novamente crescer a sua agricultura e com ela a vinha. É por esta data, com as novas instalações de vinhas e a construção de novas adegas, que os vinhos portugueses ganham um novo alento, fruto das exportações os vinhos portugueses passam a ser conhecidos e muito apreciados por toda a Europa.

Durante o período dos Descobrimentos, e nos anos seguintes, a presença dos vinhos portugueses era obrigatória em todas as naus e caravelas que comercializam produtos do Brasil e Oriente. É durante este período que nasce o vinho “torna viagem”. Conhecido pelas agradáveis características que adquiria durante os longos meses de viagem, guardado em cascos nos porões e fundos de navios, este vinho estava constantemente sujeito às ondulações marítimas, ao calor, algumas vezes à água. Resultado de todo este processo de envelhecimento o “torna viagem” era conhecidíssimo e bastante apreciado, fazendo com que os preços pelos quais era vendido fossem bastante elevados.Decorria o século XVI e Lisboa era considerada o maior centro de consumo e distribuição de vinhos de todo o império.

Resultante da fama que os vinhos portugueses tinham alcançado ao longo do tempo, Inglaterra propõe-se assinar o Tratado de Methwen, no qual constavam condições especiais de comercialização de vinhos para aquele país, decorria o ano de 1703.

Fruto de toda esta envolvente de apreço pelos vinhos portugueses e, sob forte influência de Marquês de Pombal, a região do Alto Douro, com a sua produção de Vinho do Porto, passa também ela a ser referência de qualidade. Com o objectivo de regulamentar a produção, visando manter a qualidade do Vinho do Porto, bem como a demarcação da região, Marquês de Pombal cria, no ano de 1756, a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro.

É por volta do ano de 1865 que a viticultura mundial sofre o maior abalo de sempre. Oriunda dos Estados Unidos, uma praga de nome Filoxera, contamina a maior parte das vinhas existentes, na quase totalidade das regiões vitivinícolas mundiais, levando à sua morte.

Nos anos que se seguiram, foram muitas as investigações no sentido de minimizar o flagelo sentido pela ação desta praga, descobrindo-se então que, recorrendo à utilização de um porta-enxerto (a que usualmente chamamos de bravo) resistente à filoxera era possível minizar ou mesmo erradicar os seus efeitos. Desta forma o setor foi gradualmente recuperando, culminado no atual mapa vitícola mundial.

Com constantes oscilações ao longo dos milénios, séculos, décadas, anos, e até mesmo de meses, o vinho faz hoje parte da cultura portuguesa.

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